terça-feira, 26 de abril de 2011

Um pouco mais de paciência

Como qualquer outro dia aproveitei o intervalo de 20 minutos entre três aulas, até aqui tudo normal. A cada temporada muda-se a música do toque sinalizador das aulas, intervalos, enfim. Já voltando para a sala ouço a música de Lenine, e mais uma vez começo a pensar, pensei, pensei muito, e por incrível que seja, sempre aparece algo que nos diz o que precisamos realmente ouvir, talvez nem queremos, mas precisamos ouvir, torna-se necessário.
“Um pouco mais de paciência!” é isso. Por que queremos tudo AGORA ? Porque não analisamos a necessidade de entender as limitações que nos cercam,somos egocêntricos,sempre procuramos algo ou alguém em que possamos jogar a culpa,sem nem sequer pensar no que se baseia tanta grosseria e selvageria que sai da boca descontrolada de uma pessoa incapaz de se ver internamente. Tudo bem entendo que a vida nos pede esforço, nos damos o nosso melhor, e nem sempre recebemos o melhor. É  nessa hora que devemos pensar e entender tudo que vivemos são experiências, sejam positivas ou negativas, mas sempre nos ensina algo, essa é a certeza, esse é o caminho, não desistiremos de fronte ao problema, paciência, lembre-se, podemos destruir os nossos problemas, deixemos o egocentrismo e analisemos outras situações, e vejamos que as experiências são tijolos de uma parede comparável à vida !

                                                                                                              Ericles Ferreira Valões.
                                                                                                 1º ano do Ensino Médio - Turma D

domingo, 24 de abril de 2011

Anestesia de Consciência

Compartilho com vocês um texto com ponto de vista interessantíssimo, que toma o Programa Reality BBB como pretexto para falar de Consciência. SHOW!

           Dia desses, por causa de um almoço que começou tarde, acabei assistindo ao vídeo show/Rede Globo. E como não tinha outra coisa a fazer senão esperar os amigos terminarem a refeição pude prestar atenção numa matéria sobre o BBB 11. Qual não foi a minha surpresa quando passei a entender a lógica de parte do programa! Na ocasião estava sendo reprisada a composição de um paredão. Os leitores que acompanham o programa já sabem como a coisa se dá, mas me deixem descrever aqui, caso eventualmente este texto seja lido por alguém que, como eu, não assiste nem se interessa por esse programa tido como de entretenimento.
                A escolha segue algumas regras, entre elas a de que o líder da semana e um tal de anjo não podem integrar o paredão.  Eles apenas indicam, como se diz na linguagem do programa, quem, dentre os demais participantes, deve ir para o paredão.   Esses, então, votam e são votados.  Feita a escolha, o público alçado à posição de carrasco começa a escolha de quem fica e quem sai da casa ou do confinamento como dizem.
                Aparentemente, só um jogo! Mas o que há por traz dessa indicação? O que significa mandar alguém para o paredão? Em qualquer lugar do mundo significa fuzilamento.  Fiquei estarrecida ao descobrir que convivência íntima e estreita demais para certos padrões de moralidade não impede que os brotheres indiquemsus hermanos para “morte”.  As justificativas são sombrias, algo como, “gosto muito de fulano, mas isso é um jogo e nesta semana é ele que vou indicar”,  “vou indicar fulano porque ele é um chato”.  Ora, na linguagem popular, o primeiro caso seria indicado como “trairagem”, e o segundo como, no mínimo, uma manifestação de esnobismo.  Mas no BBB têm passado como algo comum, alimentados pela dramática narração de um ex-ícone do jornalismo brasileiro.  O exemplo denuncia o quanto os valores estão relativizados, uma atitude dessas seria incompatível, por exemplo, com a juventude brasileira da década de 70. Em plena ditatura, um amigo que dedurasse outro era socialmente visto como um covarde. Do ponto de vista cristão, então, nem pensar! Nos dois casos, isto não significa dizer que quem assim procede age por covardia, mas por princípio de moralidade. Há uma ética sobre as relações humanas e a vida humana, que nem mesmo num joguinho o outro pode ser mandado para a morte.  Subliminarmente o programa oferece um excelente treinamento para banalização da vida. Para ganhar 1,5 milhão de reais, a fama e o estrelado ou coisa que o valha, não interessa quantos são mandados para a “morte”.
                Pior que o desvirtuamento da noção de brother, é a dose generosa de anestesia de consciência oferecida em pelo programa logo depois da formação do paredão, e  todos a tomam de bom grado (mas, todos mesmo, inclusive o público que paga extra para assistir). Após a tensa indicação dos brothers que vão para o fuzilamento público, após um dia de reflexões mudas ou articuladas pelos cantos da casa, os confinados (como gado antes de ir para o matadouro) têm direito a uma festa de arromba. Isso mesmo! Indicar alguém para morte não tem problema, por que depois há numa big festa para relaxar, especialmente programada para fazer esquecer que alguém da convivência íntima vai “morrer”.
Ora, amigos, na Alemanha hitlerista também era assim: cidadão manipulados deduravam judeus, amigos seus até, e depois iam ao teatro patrocinado pelo governo. Ou seja, o BBB mudou o formato, mas reeditou a anestesia de consciência e intensificou o treinamento para o individualismo. Não dá para compactuar, nem assistir se o nosso lado da história é o da valorização da vida.
                                                     Denise Lino - Prof. Doutora do curso de Letras da UFCG

                                                     Disponível em :http://www.campinaespirita.net/

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Merecida Homenagem


Pra quem não sabe, hoje é o Dia Internacional do Café, e embora isso possa não importar ou fazer diferença pra muita gente,inclusive pra mim, é um dia no mínimo adequado para se homenagear essa bebida, cuja origem vem lá das arábias. E pra ser coerente com o nome que batiza este espaço, nada mais justo que hoje, finalmente, eu dê a luz a esse texto que há um tempinho eu vinha adiando escrever, talvez por falta de inspiração, igualmente a Fernando Sabino quando começava a escrever sua "Última Crônica”, na qual, não por acaso – não acredito muito em coincidências – ele dizia que “gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um,” quando “sem mais nada para contar, curvou a cabeça e tomou seu café, enquanto o verso do poeta se repetia na lembrança...”.

        Longe de mim, absolutamente, alcançar qualquer pretensão de comparação literária com o renomado cronista, mas dizer que conhecer esse formidável texto ajudou, e muito, a enriquecer essa abordagem do cotidiano, isso sim, porque café pra mim é sinônimo de rotina, de dia a dia, de casa, de família, de gostinho de final de tarde chuvosa, de um alvorecer preguiçoso, que começa a despertar o dia com aquele aroma inconfundível, que mesmo antes de eu mesma produzi-lo, e disso faço questão, muitas vezes sou acordada junto com ele exalando das paredes vizinhas do meu prédio.
        Muito se fala a respeito do Café, de bom e/ou de ruim, e esses conceitos se alternam a cada nova geração de pesquisadores, mas uma constatação é quase unânime: é uma bebida que agrega pessoas em torno de um bom papo, que bem digam os fumantes – argh!- que sempre o incluem no seu ritual nada saudável, porém muito aprazível pra quem gosta.
        E mesmo sem saber, fugindo da rotina, hoje fiz questão de jantar num lugar, que visito muito sob o pretexto do que vem depois do prato principal: um delicioso café!!!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Os pés da geladeira

          Foi num feriado prolongado de sete de setembro que resolvi pôr certa ordem no ambiente doméstico, a cozinha mereceu maior atenção, por se tratar do lugar que há muito não vinha recebendo a devida atenção.
Como de supetão, com o intuito de renovar os ares da casa, resolvi mudar as “coisas” de lugar, e ao mexer com a geladeira, percebi que o suporte de madeira que a protegia do chão, não aguentou mais esperar por minha decisão e mostrou-se fraco, degenerando-se em pedaços. Suplicava ser retirado dali, parecia dizer-me que sua paciência comigo se esgotara. Era hora de usar os pés de geladeira, aqueles encontrados em qualquer supermercado ou loja de departamento, que havia comprado há alguns anos (isso mesmo, pés de geladeira guardados há mais de dois ou três anos). Talvez estivesse esperando que alguém (alguém aqui equivale ao meu marido) o fizesse por mim.
Pois então... Ao ver aquele apelo, resolvi não mais adiar decisão tão importante e crucial em minha vida doméstica (não precisa ser propriamente uma dona de casa pra saber o quanto nos importa ver cada coisa no seu devido lugar!). Mas uma angústia tomou conta de mim, ao mesmo tempo em que resolvia, decididamente, que a minha geladeira teria, enfim, os seus merecidos pés.
 Onde estão os pés da geladeira? Onde os coloquei? Será que os joguei na última faxina, achando que nunca ninguém me ajudaria a colocá-los e ou iria  fazê-lo por mim?
Após procurar ansiosamente, já estava quase de saída pra comprar novos pés, encontrei-os num canto da prateleira da área de serviço. Empoeirados, mas ali, intactos e ansiosos, creio eu! Esperando pelo grande dia!
Senti uma alegria que normalmente não se sente ao encontrar um pé de geladeira que há muito não se via pela casa. Convoquei a “secretária” para ajudar-me em tão importante missão, e ela prontamente me atendeu. Qual não foi nossa surpresa (mais minha do que dela, porque ninguém, mais do que eu sabia há quanto tempo aquela coitada clamava por pés decentes) foi simples, rápido e fácil. Pronto. A minha geladeira primogênita estava lá, de pés novos.
Mesmo muito cansada da faxina, que foi pra valer, me senti abstraída num momento de “viagem”, como dizem meus alunos, pra não falar de reflexão.
Quanta coisa na nossa vida não é como os pés da geladeira da minha casa. Passam uma vida inteira esperando atitudes simples, decisões apenas, para poderem tomar seu real lugar. É preciso que, muitas vezes, se chegue a extremos pra percebermos o quanto, determinadas decisões precisam ser tomadas. Ainda bem que a geladeira soube esperar, pacientemente, e não fez birra. Porém, hei de confessar algo inusitado: a maior beneficiada com os novos pés ficou tão emocionada, que chorou! Isso mesmo! C-H-O-R-O-U!
Imaginem, que logo após o término das atividades domésticas e de profundas emoções e reflexões despertadas por tal fato, dei uma breve saída e ao retornar, a minha “secretária” me recebe com uma sonora afirmação: “Não sei o que está acontecendo, mas a geladeira está toda molhada, o chão está todo molhado. Está descongelando, deve ter sido a emoção muito forte com os novos pisantes!”
Tive que rir daquilo, mas mesmo assim fui averiguar se de alguma forma danificara-a no momento em que a arrastávamos, entretanto, sem mais ela retomou suas atividades profissionais sem nenhuma reclamação. “Ufa! Que bom! Ela voltou ao normal”! E um peso considerável saiu de cima dos meus ombros.
Rosângela Medeiros de Normando Morais.
Setembro de 2005.